Crônicas do Vovô
Hoje é dia 16 de junho de 2025.
Dia numerológico 22.
Dia 22, meu número, meu dia.
O dia que me quebrou. Rachou de cima a baixo e me partiu em mil pedaços.
E depois, quando o vô da Ayla, o meu pai Alexandre chegou, ele me juntou com seu amor e seu sorriso.
A pergunta que sempre me perseguiu e frustrou: por que eu conseguia ler cartas, interpretar sinais e verdades para todos menos para mim?
Por que eu sempre duvidava de tudo que se referia a pressentimentos e vidência para mim?
Bom, felizmente, isso começou a mudar um “poucão” em 2023 e se fortaleceu em 2024.
Sem ver, eu comecei a navegar as energias e saber seus significados, até conseguir perceber se a energia de uma resposta era sincera, completa, escondia algo insincero ou era uma farsa.
Acerto sempre? Não sei.
Não gasto a energia do meu radar à toa.
Então chegou 2025 e sua explosão de desafios.
Vô Benedito, meu pai Alexandre — prefiro essa versão dele porque seus olhos azuis e seu sorriso amoroso me dão infinita paz — diz que a dor veio para me fazer chorar e desentupir os canais da minha sensibilidade calada, amordaçada, petrificada e engessada. Tudo ao mesmo tempo e cada bloqueio numa parte específica de mim, segundo ele.
E também para abrir as portas para eu conversar com Deus. Ele nunca esteve distante, mas nossa relação estava tão fria quanto minhas emoções.
E então veio o processo da minha mudança.
De casa.
De vida.
De trabalho.
De tudo.
E com isso, a medicina do rapé veio me salvar.
O que me levou para o último ritual de Ayahuasca do qual participei em outubro de 2024.
Uma quebradeira.
Seu Tupinambá ri quando me ouve falar assim.
Mas foi mesmo. O que posso fazer. Me quebraram bastante e viraram do avesso e de ponta a cabeça.
Fui tão fundo em minha vivência que apenas hoje entendo parte de sua importância.
Hoje, 7 meses depois.
Para mim, uma eternidade. Para eles, os que me assistem, um suspiro.
Mas, não satisfeitos, eles continuam quebrando meu ego, minha vaidade, me trazendo para o presente e me fazendo senhora dos meus caminhos.
Porque Deus responde, mas cabe a nós dar os passos, estar a postos e nos colocarmos na frequência certa para recebermos, porque o universo opera em frequências de ondas muito mais precisas que as que controlam submarinos e aeronaves.
Retomando o tema da minha abertura: por que pra mim não…
Há muito tempo…
Um tempo perdido para minha memória, na fronteira do Canadá, na tribo Sioux, uma índia jovem, porém madura e muito querida, já consagrada vidente — e não por ser filha do pajé, mas por méritos próprios — e também aprendiz de curandeira engravidou.
O casamento era feliz e de almas afins do tipo que poucas vezes vemos acontecer.
A bebê nasceu. A nossa jovem índia e seu marido estavam em êxtase. Após um tempo do nascimento de sua filhinha, a jovem mãe retornou aos seus atendimentos ao povo da tribo.
A todos ela tratava bem, mas às crianças ela se dedicava com o coração puro.
Até que a tragédia aconteceu.
Depois de prever e prevenir dezenas, centenas de acidentes e salvar quase todos da tribo, ao menos uma vez, ela que tantas vezes viu, não previu o que se sucederia com sua própria filhinha.
A dor da perda a levou às margens da morte. De fato, parte dela morreu.
Dakota enterrou a filha e, junto a ela, parte de seus dons. Ela jurou nunca mais ver. Nunca mais enxergar. Nunca mais prever.
E assim foi.
Morta dentro de si, fez de seu marido um viúvo em vida. As consequências, até recentemente, vibravam na tela da sua vida.
Mas oh, a ironia da vida…
Dakota sobreviveu. Viveu. Alguns dizem que foi se arrastando que chegou ao fim de sua existência quando foi considerada sábia por muitos.
Em casos difíceis, era ela que chamavam. E ela ajudava.
Chegava. Atendia. Mas sempre com o olhar perdido e distante.
Entre vidas, idas e vindas, a faculdade enterrada e amaldiçoada esteve presente.
Difícil calar — silenciar em definitivo — um dom que vem do próprio espírito.
Contudo, é apenas agora que Dakota se liberta e corta os bloqueios energéticos, as amarras e correntes daquela época.
A energia e o corte foram feitos. A habilidade, aos poucos, irá se assentar e harmonizar.
Quanto ao trauma? E o confiar em si?
Isso iremos ver.
O capítulo está sendo vivido.
Vô Benedito (ele insiste); pai Xande, eu replico e ele sorri; sua imagem tremula em meu benefício ;), ele diz que, assim como quando vejo um objeto que prendia uma magia, significa que ela foi desfeita e seu poder já foi cortado, o mesmo se dará com esse trauma, que está sendo tratado.
De minha parte, depois do tanto que esbravejei com Deus hoje, espero que não demore.
Um pouco mais de estabilidade nesse processo de quebrar e deixar uma nova mulher nascer faria tudo muito mais simples e suave.
Adeus, queridos leitores.
Por hoje é só.
Até mais.
Com carinho,
Dakota/Vanessa.
Hoje, dia 19 de junho de 2025.
Na numerologia, dia de vibração 1, representa novos começos.
Por algum motivo divino minha consciência emerge e retorna ao corpo que hoje ocupo.
Me dizem que preciso permitir a cura.
Aceitar que o passado acabou e recomeçar.
A vida. A vidência. Deus. A cartomancia. Os orixás. Os guias. Pessoas intuídas pela luz. Todos me dizem: confia.
Confia.
Confia.
Liberta.
Ama.
Seja leve.
Seja feliz.
Que medo…
Que desafiador.
Como crer que um futuro tão lindo finalmente me espera?
Me dizem que a dor foi quitada. O mal apagado e a sombra transmutada em luz.
Meu Deus.
Oh meu Deus.
Me ajuda, sublime criador da minha alma.
Como crer que depois de tudo mereço tanta luz e tanto amor?
Como continuar a trazer dor, tristeza, peso e mágoa para mim e para os que me amam insistindo em carregar o prognóstico de um futuro trágico com gosto de abandono.
Eu digo a Deus.
De novo não.
Eu não suporto tamanha dor de novo.
A luz me diz que não haverá dor. Há amor. Há luz. Há bênçãos porque eu soube perseverar. Porque eu soube arrancar de mim as ervas daninhas que me impediam de seguir em frente. Insistem que a dor agora é o fim. É o resto da limpeza.
Oh Deus… Oh grande Tupã eu quero crer.
Me ajuda.
Que meus olhos que ceguei me ajudem a ver com a claridade do sol e o misticismo das estrelas iluminada pela conexão das luzes e sombras da lua.
Que eu veja, o Grande Criador. Que eu seja de novo inteira como fui um dia.
Me cura. Me traz de volta pra luz. Pro equilíbrio porque sozinha, Pai, não consigo. Eu quero, mas se não me pegar nos seus braços, eu não consigo. Tenho tentado e falhado. O medo me paralisa. A memória da dor me apavora. O terror da perda… Oh meu Deus… depois de tanto tempo ainda parece ter sido ontem…
Como algo pode doer tanto?
Como a partida do ser que amamos pode nos destruir tanto e aos poucos?
Por que me tirou também o amor da minha vida, Pai? Meu filho, meu bebê não foi suficiente?
E agora dizes que ele volta. Inteiro.
Que assim seja.
Que assim seja.
Que assim seja.
Me cuida. Me vela. Me guarda.
Porque já não sei viver sem amar e nem sem seu amor.
Me segura. Me vela. Me guarda.
Eu vou.
Eu quero.
Eu aceito.
Eu quero de novo amar.
Eu me permito ser feliz.
Que se faça sua vontade em mim, Pai.
Que sua vontade e amor magnânimo reja minha vida e meus caminhos.
Sou sua filha.
Me cura. Me cuida. Me ama.
Eu sigo. Me ama.
Me guarda.
Me vela.
Me protege.
Arranca o medo de mim.
E mostra seu amor. Seus planos. Sua luz. Seu cuidado comigo.
Sou sua, Pai. De novo.
Faça-se em mim segundo a sua vontade.
Amém.